Diversidade e Resiliência: o perfil dos empreendedores do setor de Food Service no Brasil

O setor de alimentação fora do lar desempenha um papel fundamental na economia brasileira, gerando empregos e impulsionando o empreendedorismo. Uma pesquisa inédita realizada pela Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) revelou dados surpreendentes sobre o perfil dos donos de bares, restaurantes e estabelecimentos de food service no país. Esse estudo oferece um retrato abrangente da inclusão social, diversidade e resiliência presentes nesse setor.

Mulheres e Negros: Liderando a Inovação

As mulheres estão conquistando cada vez mais espaço no mercado de food service. De acordo com a pesquisa, elas representam 52% dos trabalhadores em bares e restaurantes. Além disso, 61% desses profissionais são pretos ou pardos, demonstrando um aumento significativo da representatividade negra nesse setor.

Segundo Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel, a diversidade é um fator crucial para impulsionar a inovação, criatividade e relacionamento humano nos estabelecimentos de alimentação fora do lar. A inclusão de diferentes perspectivas traz novas ideias e formas de fazer negócios, enriquecendo o setor como um todo.

Empreendedores Negros: Desafios e Oportunidades

Os empreendedores negros foram os mais impactados pela pandemia, com o fechamento de 1,4 milhão de bares e restaurantes no país. Mesmo com a recuperação econômica e a retomada das atividades, esses empresários ainda enfrentam desafios, como rendimentos médios significativamente inferiores em comparação aos empreendedores brancos em diversas atividades.

Carlos Melles, presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), ressalta a importância do desenvolvimento de políticas públicas que beneficiem empreendedores negros, visando reduzir as disparidades. Além da melhoria do acesso à educação, é essencial ampliar o crédito e oferecer instrumentos que promovam a qualificação de homens e mulheres negros à frente de negócios.

Cultura e Identidade na Gastronomia

A gastronomia é uma forma de expressão cultural, e muitos empreendedores do setor buscam valorizar suas origens e tradições em seus estabelecimentos. Um exemplo é Rodrigo Freire, dono do restaurante Preto Cozinha, especializado em comida nordestina. Freire destaca não apenas a potência dos pratos nordestinos, mas também a cultura presente em seu modo de falar, sotaque e apreço pelos detalhes e pessoas.

O empreendedor revela que sua comida é voltada para “oyá”, descoberta por meio de pesquisas que fez para entender o que estava oferecendo. Ele celebra essa “oyá” sob a perspectiva de sua avó, elaborando pratos que não só agradam pelo sabor, mas também pela aparência. Essa conexão com suas raízes culturais traz autenticidade e identidade ao seu negócio.

Jovens: Qualificados e Empreendedores

Os jovens também desempenham um papel significativo no setor de food service. De acordo com a pesquisa da Abrasel, 1 em cada 5 trabalhadores do setor têm entre 20 e 29 anos. Apesar da juventude, a maioria deles apresenta boa qualificação. Entre os trabalhadores informais, quase metade (49%) possui pelo menos o ensino médio completo, enquanto esse número chega a 75% entre os trabalhadores formais.

Paulo Solmucci destaca que o setor de alimentação fora do lar é uma fonte de oportunidades, proporcionando o primeiro emprego para muitos jovens, permitindo que trabalhem e financiem seus estudos, além de formar empreendedores que gerarão novos empregos no futuro.

MEIs: A Força dos Microempreendedores Individuais

Uma informação surpreendente revelada pela pesquisa da Abrasel é que, em março de 2020, antes da pandemia, 50% dos CNPJs do setor de food service eram de Microempreendedores Individuais (MEIs), com um faturamento anual máximo de R$ 81 mil. Após a crise desencadeada pela pandemia do coronavírus, essa participação saltou para 68%, um número muito superior ao de outros setores, como comércio (47%), indústria (63%) e agropecuária (apenas 6%).

Os MEIs desempenham um papel crucial na economia, representando o sonho e a sobrevivência de milhões de famílias em todo o país. Muitos pais e mães conduzem seus negócios com o auxílio de seus filhos, enfrentando desafios como inflação, endividamento e impostos.

Conclusão

A pesquisa da Abrasel revela um panorama inspirador do setor de food service no Brasil. A diversidade é um dos principais destaques, com as mulheres e os negros ocupando posições de destaque nesse campo. A cultura e identidade também desempenham um papel importante, permitindo que os empreendedores expressem suas raízes culturais e ofereçam experiências autênticas aos clientes.

Além disso, os jovens têm a oportunidade de ingressar no setor e adquirir experiência e qualificação, impulsionando sua carreira profissional. Por fim, os MEIs demonstram sua força e resiliência, sendo a maioria dos empreendedores nesse setor, mesmo diante dos desafios enfrentados durante a pandemia.

É fundamental que sejam desenvolvidas políticas públicas e iniciativas que apoiem a inclusão e reduzam as disparidades existentes, especialmente para os empreendedores negros. O setor de food service continuará desempenhando um papel vital na economia brasileira, gerando empregos, promovendo a diversidade e oferecendo experiências gastronômicas ricas e diversas aos consumidores.

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