Desde a divulgação do decreto do Governo do Distrito Federal (GDF), na última quinta-feira (19/3), que proíbe o funcionamento de bares e restaurantes, como uma das medidas de combate à disseminação do coronavírus, o setor sofreu uma queda de 80% nas vendas. Antes disso, com a chegada da doença na capital, o ramo apresentou baixa de 70% do faturamento, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do DF (Abrasel-DF). No entanto, mesmo em frente à crise, muitos empresários buscam se reinventar para diminuir o impacto, seja por meio de delivery ou na oferta de serviços diferenciados.
Gustavo Guedes, um dos sócios do Southside, reinventou o atendimento aos clientes. “Estamos trabalhando no sistema de take out, em que as pessoas buscam os pedidos no nosso estabelecimento”, diz. A entrega, tanto de comidas, quanto de drinques, foi readaptada. “Alguns itens tiveram que sair do cardápio, pois perdem a qualidade quando embalados. Por exemplo, tivemos que trocar a espuma de gengibre do drink moscow mule para o refrigerante de gengibre, que fazemos na casa, para manter a qualidade do sabor”, revela.
O empreendedor também teve que ajustar alguns detalhes na produção e no atendimento. “Na bebida, o gelo é entregue à parte, para não a deixar aguada. Além disso, levamos um frasco com álcool até o cliente para usarmos depois de passar o cartão na maquininha”, conta Gustavo. A mudança, porém, foi automática. “Não tivemos dificuldades, pois já pensávamos em oferecer esse tipo de serviço”.
Dono do restaurante Parrilla Beer, Philipe Freitas começou o serviço de delivery na semana passada. Segundo ele, os pedidos estão aumentando. “Nos primeiros dias, entregamos entre 12 e 19 pratos. Agora estamos entregando quase 30 por dia”. O estabelecimento também implementou o sistema de drive-thru, em que o cliente não precisa sair do carro para buscar.
On-line
A chef de cozinha Ana Cláudia Morale também teve o trabalho prejudicado. “A maior parte das minhas atividades é focada em eventos e estão todos cancelados. Tivemos que nos reinventarmos com a crise”, disse. Para driblar a situação, ela vai começar a dar aulas de culinária para solteiros e recém-casados. “A ideia é divulgar e difundir um jeito fácil de as pessoas se alimentarem em casa, e é uma coisa que elas levam para vida, fazer as marmitas para almoçar, garantir uma comida sem conservante, sem tempero pronto, que é mais saudável”, explicou.
A ideia do curso veio dos clientes que seguem Ana Cláudia no Instagram. “Há um tempo, aumentei minha comunicação com meus clientes pelos stories do Instagram, e eles passaram a me pedir um curso. Com essa história do coronavírus, quando ninguém pode sair de casa, a gente se adaptou de modo super-rápido para tentar agregar na vida dessas pessoas, que estão presas em casa, tem tempo e precisam comer”, diz.
Especialista em empreendedorismo, Juliana Guimarães dá algumas dicas para que comerciantes se adaptem ao novo cenário. “Este é o momento de inovar. Então, a pessoa tem que avaliar o motivo que decidiu investir naquele negócio, e como pode ser um diferencial nesse momento. Vale conversar com todos, desde colaboradores a clientes, pedir sugestões e dicas. Depois é o momento de agir, mostrar que você se importa com as pessoas e oferecer um atendimento personalizado”, explica Juliana.
A especialista também aconselha ao empreendedor olhar com atenção para fatores de administração, como funcionários e quantidade de produtos. “Deve colocar tudo no papel e não ficar dependendo de achômetros”, indica.
- Estagiário sob supervisão de Adson Boaventura
